Socorro Lima Dantas
Madrugada adentro,
o silêncio invade a minha alma...
eu
não sinto sequer o sopro do vento!
Decido partir de modo diferente das outras idas.
Tal qual o meu coração,
procuro o cais onde estão ancorados os veleiros!
Encontro um...
aportado solitariamente...
Sem refletir, decido subir a bordo !
Preciso iniciar uma longa viagem de devaneios.
Espanto a solidão com este novo plano!...
Alojada dentro de meu novo companheiro
suspendo a âncora para enfrentar mar aberto,
surgem altas ondas... tempestade por vir...
tal qual a minha alma.
Ancoro sem olhar sequer para trás
não quero contemplar o passado angustiante !
Desejo viver este presente...
De sonhos e fantasias nunca antes sentidos.
Estou a um passo da concretização de meu sonho!
Imagino um adeus que não existiu,
transporto minha alma para os meus olhos.
aceno para o nada...
resta-me contemplar o céu azul...
mar adentro...
Meus olhos inundam de lágrimas,
calando-me a voz...
que insiste em falar com a minha própria ausência
palavras inúteis que o coração teimava em gritar.
Quantas partidas desta eu já enfrentei ?...
Retiradas de sonhos e ilusões que sugam a alma!
Tal qual esta ausência solitária...
decidida de repente...
Antes, sem o meu veleiro isolado !
que aportou em minha vida,
no meio da escuridão,
Nesta madrugada fria e calma.
Em meu silêncio,
Abraço as ondas que batem no casco
deste novo amigo e companheiro.
Molho as mãos...
nas águas salgadas deste mar revolto,
aguardo o por do sol !
nesta viagem de sonho... sem destino...
Não sei, sequer, em que porto vamos atracar.
Luzes cintilam no horizonte,
proclamando o amanhecer !
Pensamento no presente...
esqueço de onde parti,
Naquele silêncio, perdida em minhas decisões,
ouço um canto triste que rasga o meu coração !
Era o hino do pássaro...
que eu havia abandonado naquele porto,
anunciando a sua cumplicidade aos meus anseios...
Agora, somos três... nesta partida sem direção,
Nesta viagem de sonhos e ilusões !
 

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